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Rapazes e raposas

by B Fachada

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1.
Regabofe mau é batatas sem o principal Regabofe bom ai boquinha que se lambuzou Regabofe trágico ataca o fígado frágil Regabofe tântrico aeróbico-romântico
2.
Bicho curioso complicas demais Sabes onde vais mas preferes ir à volta Dobras duas esquinas e viras para trás Onde chegarias por rua mais torta Tradições antigas são vinhos passados Os galos para guisados não fazem amigas Duas ligeirinhas e voltas para trás Bicho complicado e de garras compridas Mas também do que é que estavas à espera coisinha preguiçosa e transtornada Ser conflituoso complicas-te a vida Ser desamparado já nada te importa Bicho casca-grossa de pouca família Coisa doentia embaixada do contra Ideias esquecidas não gastam dinheiro Os galos ao guisá-los não cantam cantigas Bicho ruidoso não digas asneiras Não sobrevivias à crise dos 30 Quanto convencido ainda era moço e acabou-se muito antes do suposto O gato que se mata curioso é burro mais que perigoso não acabaste nada não conseguiste nada não aprendeste nada e nem fingiste nada
3.
Trad-Mosh 03:12
Haja vontade de insistir todos os dias Mas com paciência lá convenço as minhas crias A juntar os bombos para bombar no Trad-Mosh Quero toda a gente a rir é nisto é que o papá é boss Mosh Mosh Molhos de paixão e o coração fica mais doce e o deboche é a rotina é o nosso amor de Mosh-Mosh Haja respeito para passar da introdução Enquanto eu canto andam manos pelo chão Fica impossível segurar o Trad-Mosh Já perdi o jeito o papá não está assim tão boss
4.
O que a mula mais detesta é escolher um mal menor Quando uma hipótese é horrível e a outra ainda é pior O que a águia não percebe é porque volta sempre a fome Não é falta de cultura é a morte que a consome A baleia ainda tem dúvidas quanto ao sobrenatural Mas nunca foi mais indiferente às questões de identidade nacional A raposa pôs-se à escuta e ouviu o burburinho da extinção Também já não estava à espera de mais que uma imensa solidão Vai dar ao mesmo tanto faz o animal Depois do mundo o universo fica igual Para lá do tempo não há vida material Embora óbvio só agora é que é banal Era óbvio É banal O que era óbvio logo passa a ser banal
5.
Padeirinha 03:33
Padeirinha noite dentro Água, farinha, sal e fermento Noites cheias vida fora Do que sabem as mãos pelas mãos se melhora Do calor que pões no forno O pau é do sobro as paredes são grossas Amanhã ainda está morno Padeirinha do fogo não te sobra para galhofas Descansas à tardinha, Padeirinha Começas à noitinha e vais até de manhãzinha Padeirinha autodidacta quantos pãos fizeste à bruta Quantos sairão azedos de suor e de segredos Se a manhã já te apanha de bruços Aos primeiros azuis E no ar um cheirinho a queimado Padeirinha tem cuidado Não te faças rogada à cobrança Que é como diz o Sancho Pança "O Abade aonde canta janta"
6.
Aritmética 02:14
1 aldrabão e 2 tansas 3 piscinas 3 piscinas 4 contas 7 iphones 3 jagunços 5 passas 2 amigos com os outros 7 faz 17 mirones juntam-se 4 desgarradas 6 viúvas já são ao todo 27 concorrentes 2 impotentes 1 casa 7 filhos e a partir dos 37 é toda a gente MAIS 5 de entrecosto e 5 de uvas e vai a conta para 47 doses 7 papas 7 vacas 7 culpas e já passámos dos 67 podres Já não cabe nem solteiro e é o ano inteiro que o inferno está tão cheio até o Diabo se mudou eram cerca de 70 amontoados 7 fracos 7 chulos e outros 7 desmaiaram dos 49 7 fantasias 7 e 7 é um soneto só 28 é que cantavam são 7 drones 7 patinhos e já perto do final 7 múmias com calor só sobraram este 7 gambuzinos 6 de arquivo nacional e 1 que fica para o autor
7.
A noite é negra o vento só ajuda os predadores à matança À luz das estrelas piam todas as corujas Às escuras dormem as crianças Com o cheiro a chuva não há lince que se engane Dois coelhinhos no bandulho Aranhões, lacraus e centopeias andam sob os pedregulhos / andam homens aos tortulhos É de teor paranormal a Natureza radical (Quero agradecer a todos os herbívoros que arriscam diariamente a sua vida e a dos seus para o bem de carnívoros, omnívoros, necrófagos e talhantes Nas barbas do carneiro cornudo jantam borrego o saca-rabos e o texugo)
8.
O Anti-Fado 03:40
Perante as grandes verdades sou anti-cumplicidades Rejeito as pontas e o meio sou do tipo anti-feio Sou anti-crime e anti-leis anti-história e anti-reis Todo o saber um dia parte-se sou anti-Freud sou o anti-Marx Não há truque semiótico eu sou anti-patriótico Faço o direito em cepa torta sou anti-basta e anti-corta Anti-sol e quebra-gelos eu sou do anti-anti-pêlos Sirvo a água menos pura sou anti-vida e anti-cura Estás estúpido ou quê o teu cinismo nunca foi tão demodê Eloquência para quê o pessimismo nunca foi tão demodê O sexo é simples e é efémero eu sou do anti-género Não sou pragmático nem estético sou imoral e anti-ético Não tenho margem nem verba Não tenho cu para festas de merda Faço a farra no meu ermitério anti-cómico e anti-sério Ortografia não é literatura mas endireita a criança mais dura A matemática sou eu que faço anti-Deus e anti-espaço Não acredito em mentiras Eu nunca vi maravilhas Quando morrer e for queimado ainda vou ser o Anti-Fado
9.
Lambe-Cus 02:37
Lambe-cus tem uma atitude excepcional perante a vida Deixa-me abraçar-te, meu, estás de parabéns Tanta originalidade, andam todos teus reféns És o máximo, fantástico, um gajo superior Um tipo extraordinário e de hora a hora estás melhor Obrigado, és simpático, nem eu próprio o diria tão bem Junta-te a nós, come do que eu cozinhei Traz os teus, fuma desta, mas responde que nenhuns Sempre que te perguntarem quantos são os cus que lambe um Lambe-cus Toma todos os partidos Lambe-cus está sempre rodeado de amigos Deixa-me ficar, pá, adoro o casarão Olha para os teus filhos, são a puta perfeição Quando falas todos escutam, quando cantas todos choram Quando te chegas à janela até os passarinhos olham Lambe-Botas, Chupa-Rabos, Troca-Pichas, Lambe-Cus! Só quem é parvo não adora um lambe-cus Eu adoro, tu adoras, eles adoram e juntos evitamos perguntar quantos são os cus que lambe um Lambe-cus Lambe feridas e umbigos Lambe-cus está sempre rodeado de amigos Lambe-cus tem uma atitude excepcional perante a vida não merece estragar!
10.
Namorada 02:45
Namorada mal eu ponho algum dos teus vestidos Dou-lhe umas voltas e ficamos os melhores amigos Eu sou compreensivo e sou excelente conversa O cabelo mais bonito coroa da mais linda testa Namorada mal eu cobro algum dos meus desejos Dou-lhe umas voltas e ficamos ambos interesseiros Cais-me em cima por nada e aí é que eu me rebolo Antes uma das tuas que 20 ou 30 das a solo Vamos passear a pé de pernas encostadas regatear beijinhos trocar umas dentadas Apalpar cinturas desafiar mamocas que isto a vida não é só ou de pipis ou de pipocas ai! Namorada mal eu ponho umas das tuas calças Reparas logo como eu tenho um granda cu de gaja Umas vezes erótico outras vezes patético E por mais metafórico não é um rabo poético No entanto com pouco consegues impossíveis Não há coro mais brando para namoros mais incríveis
11.
Quem nunca se usou de caras furtivas Pões a tua voz mais fácil e está na hora da foda Em lambidas e linguados é amizade e amor Mas no fundamental é amizade normal Quem nunca se impôs numa fase introspectiva Deixo a minha lógica à solta sabes que vai dar em nada Quando vais para longe afinco no chão É escusado dizeres desmancha-prazeres Dá-me as tuas mãos e conta-me quando foi que eu não reparei nos teus sinais Encanto-me e apetece-me logo à mínima atenção! (Tíbias, fémures ílios e metacarpos omoplatas, clavículas ombros, pescoços e braços biceps, triceps glúteos e abdominais gémeos, trapézios deltóides e peitorais amassos, afagos aconchegos, paladares nádegas, flancos sobrolhos e maxilares desmaios, suspiros roncos, gargalhadas palavras de gozo balelas e fantochadas)
12.
Sem a graça do Camilo Nem as barbas do Antero Sem coragem, sem um estilo Só a retórica a frio Numa métrica de ferro Sem a honra dos antigos Sem Jesus nem Ganymedes Só na ponta de um pauzito Uma cenoura de esferovite E de mapa um quantos-queres Vou contar a vida toda em redondilha cruzada Como qualquer ego filho-da-puta ainda posso fundar um país à porrada Abro o coração mostro tudo a 100% Como qualquer ego filho-da-puta ainda posso fundar um país e fechar-me lá dentro Nem carente nem aflito E sem problemas de maior Estado civil: comprometido Quem sabe repetir decor É o preferido do professor Juntem palmas aos heróis da nação Palmas D. Dinis e D. João Palmas D. Teresa e D. Sebastião Palmas ao Infante de Sagres, palmas à expansão Palmas ao Marquês e à Inquisição Palmas D. Inês pelo nosso garanhão Palmas aos fascistas e à emigração Chega milho e palha que o vinho não é verde Enche de vermelho a quem se armar ao pingarelho
13.
Instrumental 02:59
14.
Uma pessoa que em princípio estava bem e de repente ficou na merda Idealmente todos teriam lugar no céu dos agnósticos A alma amiga que deixa os camaradas nas suas vidinhas tacanhas A alma feia de um jovem reacionário Uma pessoa conhecida estava mal e de repente desaparece Sinceramente ninguém está livre de se silenciarem os seus prognósticos Mas para alguém vigoroso e corpulento com papel, vitaminado Não é bem igual àquele indivíduo que é explorado E a cada mais 100 anos que hão-de vir hão-de vir mais maldades e agonia/amargura hão-de vir mais injustiças e azar/desgraça nunca vão faltar desgosto e abandono E a cada mais 1000 anos que durarmos hão-de ser 1000 anos de destruição 1000 anos de egoísmo e esquecimento 1000 anos de homicídio e desencontro
15.
Faunos do jardim Bruxas do pomar Ele há bois e javalis Andam grifos a planar Quem se engana não tem manos De quem é dócil nem falamos Entre animais e desumanos tens que imaginar Eu não sou daqui venho a passar Para a matiné não vou ficar Se se esquecerem de mim mais devagar Nem assim me convenço Nem pensar Exílios, lutas com certeza não há respostas nem perguntas Vamos juntos de passeio no campo os velhos são carvalhos e sobreiros Não se aprende do que sabemos Não se aguenta o que pensamos São meus os teus enganos tens que me perdoar Eu não sou daqui venho a passar Para a matiné não vou ficar Se se esquecerem de mim mais devagar Nem assim me convençem Nem pensar Se não está bem assim não duvides de mim ensina-me lá Eu quero ser melhor e maior eu aguento ensina-me já E tudo o que eu não sei o que eu não faço bem ensinaste-me mal Tem paciência para mim dá-me amor e carinho quando eu me sinta pior E se não resultar o melhor é mudar de método

credits

released July 20, 2020

B: voz, viola braguesa, modular ADDAC, baixo e teclados.

Músicas e letras de B Fachada.
Gravação e mistura de Eduardo Vinhas.

Produzido por B Fachada e Eduardo Vinhas.
Mértola, Março-Maio de 2020.

Fotografia de Mané Pacheco.

Masterizado por Mário Barreiros.

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Aqui, a música persiste e é de todos, e também o seu comércio é justo e directo.
Mantenho, claro, as versões que considero "oficiais" das letras, dos créditos e da cronologia. Ou, pelo menos, tanto quanto me vou lembrando...
Assim seja por mais uns anos.
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